quinta-feira, 14 de maio de 2009

Encontro com a Zá – 27/04/08

MÔNICA/OCAMINHO/THAÍS

Cheguei ao instituto às 09:09, fui ao banheiro tomar um banho de gato para ir até a sala onde de costume rolam os encontros.
Ah! O caminho:
Como alguns já sabem comecei à alguns dias minha jornada ciclística, na qual estou indo ao Tomie Ohtake de bicicleta. Tinha me programado em ir de bike na segunda (27/04/09). O tempo não colaborava, estava nublado com uma garoinha bem fina, juro que até pensei em ir de ônibus, porém, não quis fugir de um compromisso comigo (acho que posso relacionar com o planejamento que devo fazer em oficinas futuras, como citou a Zá).
Comia um pedaço de cuscuz, olhava pela janela, garoa; trocava a estação do rádio, garoa; calçava os sapatos, ainda garoa. Já quase 08:00h uma leve vontade de cagar me passa pela barriga; o fato não estava nos planos, pensei enquanto isso pudesse cessar a garoa; finda o processo, a janela, garoa ainda. No relógio, já 08:20h, pronto, planejamento prestes a se cumprir: se fosse de ônibus, saíndo às 08:20h, chegaria por volta de 09:40h, de bike sem dúvida seria bem mais rápido, como se nota na primeira linha do texto.
O caminho não foi muito agradável, me molhei inteiro, tanto de suor quanto da garoa. Precisava chegar e pedalava cada vez mais rápido para não me atrasar muito, e às 09:13h estava adentrando a sala (uma mesa ao centro cheio de cadernos de registros e algumas fotos) uma garota não conhecida falaria conosco sobre registro; meu deus, registro? Isso, mas não se assuste, foi uma boa exposição; talvez por ela contar coisas pessoais ficou gostoso.
Ela pediu para que falássemos nossos nomes e nossa relação com registros, isso feito apareceu algumas coisas:
PARA QUEM?
POR QUE?
ESCRITO?
FOTOGRAFICO?
MEMORIA?
FALADO?
PERIGOSO?
Memória e Falado também são registros?
Ela é bem parecida com a Mary (faz sentido, faz sentido?), e o encontro mesmo se tratando de registro teve um bom andamento, acho que por termos o hábito de valorizar sempre o de fora, o estranho.
Achei super verdadeiro ela falar do filho, dos sonhos (esse, incentivador do registro); o jacarezar trouxe o Daniel para a roda, o fazer sentido fez com que o Edson e Luis despertassem opiniões contrárias, o Odair perguntou se ela recordava do sonho ao ler as anotações.
Na apresentação de power point feito pela Zá, e depois folheando o livro da Nise da Silveira (na parte da tarde), percebi algumas relações nos desenhos dos alunos da Zá e nos pacientes da Nise. Fiquei chocado com a semelhança e até comentei com o Bruno Perê: aquelas coisas (desenhos e pinturas) é que são obras verdadeiramente artísticas; isso devido às criações serem genuínas. Genuínas no sentido de que eles (os alunos e os ditos esquizofrênicos) não estão presos/perdidos em pensamentos lógicos e dominados pela razão; não a razão pura e sim a razão que conhecemos, uma razão enganadora, uma razão que sempre leva vantagem, uma razão falsa onde não podemos ser sinceros, uma razão visual, enfim uma falsa razão.

O por que do registro

Em momento algum pensei em fazer o registro desse encontro, no entanto por volta das 00:05h do dia 28/04/09 acordo com uma dor (dormência) no ombro esquerdo em decorrência a um ataque de um gato. Isso mesmo!
Depois de um turbilhão de sonhos, desconexos entre si mas que todo coerente com o que vivi no dia anterior e outros fatos recentes, acordo com uma angústia do tamanho de tamanho querendo entender, compartilhar; sobrou para o Bruno, enquanto fui lembrando dos sonhos, ainda deitado, comecei a chorar e chorar (lembrei do choro da Ângela), peguei o telefone, liguei para o Bruno e pedir para me lembrar disso depois. Desliguei o telefone e continuei a chorar, nesse momento foi que lembrei do encontro com a Zá, nos desenhos das crianças, no livro da Nise, em coisas acontecidas. Uma certa vontade de fazer o registro e o medo de levantar e esquecer de tudo que havia sonhado/acontecido.


“Se o mais sábio dos homens quiser conhecer a loucura, que reflita sobre o curso de suas idéias durante seus sonhos.”
“Os sonhos inquietos são realmente uma loucura passageira.”



Tarde

Texto do Fernando Pessoa, o choro falado da educadora, as formas de registro e...
O mau disse para a Ângela que estávamos na dúvida em como faríamos a conexão entre as pesquisas e as prováveis oficinas que faremos, levando em conta os temas já trabalhados (música e artes plásticas).
Para tudo! (gosto disso)
Deveríamos fazer isso com o mundo!
A Ângela para tentar resolver nossas angústias, nos apresentou o motivo da proposta de trabalharmos com tais temas.
Parece-me que todos entenderam.
Uma vez esclarecidas as duvidas, separamos a turma em dois grupos grandes, quem vai trabalhar com musica e artes plásticas. Dentro desses grupos houve uma subdivisão em grupos menores. Alguns já tinha em mente o que gostariam de trabalhar, outros definiram na hora e alguns ainda não definiram. Depois de tudo entendido e dividido lemos o relatório da Thaís. Após a leitura e o elefante branco uma atividade para entender a comunhão das idéias que permeiam as pesquisas, incompleto.




O sonho

Hoje fui algo!


A casa vazia. O vizinho dos fundos. O empréstimo da luz.
O medo do curto circuito.

A enchente dentro do ônibus. O flutuar. A lembrança de um filme.

O quarto pequeno. As sujeiras junto a mim.
Bosta de galinha e de gente. O colchão podre.
O local desconhecido. A visita do pai e do tio (xele).
Os momentos de serenidade. Os momentos perturbados.

As brigas. Os super poderes. O lago. O local junto ao lago.

A casa grande. A festa. As escadas. A Aline (baia).
O passinho de dança. O desmaio na dança. O povo do CCJ.
O desligamento. A percepção do todo.
As idas e vindas do pensamento. O não querer acordar.
A falta de atenção. O pentear do cabelo.
A lavagem do não pente na pia. O Arlindo e a família.
A propriedade na paulista. A troca.
O prédio com minha casa em baixo. A mesma casa vazia. A pia.
Os cabelos descendo. O olhar do outro.
A vontade de revelar. A vontade de acordar.
O ataque do gato pelas costas. Os dentes e garras do gato. O grito.
O choro. A briga com o gato. A dor no braço esquerdo.
Acordo não acordo. Acordo com a dor do sonho no braço.


Judson

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