(Pois as coisas não ditas também me deslimitam...)
Cheguei a pensar em chaves, mas não pronunciei ferramenta alguma. As chaves do primeiro pensamento me vieram de modo completamente banal e a educação não precisa de maiores banalidades. A educação já está até as tampas de banalidades.
Para compreender o “estranho” e o “ridículo”, assim como todas as coisas e situações minimamente interessantes (e para irromper as poderosas e tortuosas vias da desnaturalização), a educação precisa ser o não-banal por excelência. O silêncio pode ser o contraponto do banal quando gera um gesto e um tempo de pensamento. O silêncio do primeiro momento me ajudou a ganhar tempo. E me salvou de falar a coisa, assim, só ordinariamente.
Mas tudo isso se torna enorme besteira num segundo momento, quando percebo que o objeto em si nada definiria. Nada-nada para além das funções, disfunções e modos que escolhemos para empregá-los. Mas não me engano. Isso tudo também só pude descobrir com algum esforço posterior.
Chave é molde, receita, segredo, encaixe, abertura, porta, caminho, casa, liberdade, amarra, algema, tranca, propriedade, cárcere. E tudo porque domina as “simples” funções de abrir e fechar. Em nada há simplicidade. Em tudo há domínio do ambíguo (e a nova gramática, com seu incrível repertório de engessamento das palavras, mal sabe dizer se aqui devo usar trema ou não). Pouco importa!
O que quero dizer é que a ambigüidade me deixou, tanto quanto antes, sem ferramenta alguma, pois a ferramenta é o método. Seja algema, seja porta, seja caminho, casa ou qualquer propriedade, a ferramenta é o método. A arma é o método. E meu método é, por agora, o silêncio.
(Bárbara)
domingo, 29 de março de 2009
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Um comentário:
É genial identificar o quanto Bárbara absorve do que ler, escuta e reflete para construir seu texto. Bela escrita!
Denise Teixeira
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