quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A outra voz. de Octávio Paz

O título do texto não poderia ser mais adequado, ao que se apresentou nesta indicação do Luis: um outro texto, uma outra voz que ressoa, e a única possibilidade de reconhecimento de si:
estando aberto ao Outro.


Transcrevo aqui uma das partes mais impactantes:

" A distração é nosso estado habitual. Não a distração daquele que se afasta do mundo para internar-se no secreto e movediço país de sua fantasia, mas a daquele que está sempre fora de si, perdido na mediocre e insensata agitação cotidiana. Mil coisas solicitam ao mesmo tempo nossa atençãoo e nenhuma delas consegue nos segurar; assim a vida se torna areia entre os dedos, e as horas, fumaça no cérebro. Se tivéssemos a coragem de fazer um exame diário de nossos atos e pensamentos, confessaríamos que somos culpados nã de crimes de expiação, mas sim de incontáveis e momentâneos desejos e apetites, seguidos de pequenas abjurações e traições a nós mesmos e aos outros. Mas ao menos somos capazes de lembrar do que fizemos ontem
Se nosso pecado se chama dissipação, nosso castigo se chama esquecimento. LER É O CONTRARIO DESSA DISPERSÃO, ler é um exercicio mental e moral de concentração que nos leva a entrar em mundos desconhecidos que pouco a pouco se revelam como uma pátria mais antiga e verdadeira: DE LÁ VIEMOS. Ler é descobrir insuspeitos caminhos para dentro de nós mesmos. É um reconhecimento." p. 86

E, lembro-me de uma outra voz, a de Virgínia Woolf, em "Um teto todo seu", onde acho que Octávio Paz estava em profundo diálogo:

" tudo se opõe à probabilidade da criação de uma obra. Em geral, as circunstâncias materiais opõem-se a isso. Os cachorros latem; as pessoas interrompem; o dinheiro tem que ser ganho; a saúde entra em colapso. Além disso, para acentuar todas essas dificuldades e torná-las mais difíceis de suportar, entra a notória indiferença do mundo. Ele não pede que as pessoas criem."

"Se algo sobrevive a despeito disso tudo, é um milagre..."

Pois é, Luis, obrigada pelo texto!
Espero ser inundada por muitas outras vozes...

Angela

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