segunda-feira, 26 de julho de 2010
Relatório Espontâneo! [26/07/2010]
Já faz algum tempo que não nos é pedido para fazer o relatório de cada segunda-feira, porém, hoje senti muita vontade de escrever por ter considerado o dia extremamente proveitoso, e ter notado mudanças efetivas no comportamento de todos e na formação.
São quase 6 meses já, e é muito fácil (pelo menos para mim), notar a sincronicidade que vem sido desenvolvida, mesmo com pontos de vista tão divergentes sobre diversos aspectos, sendo que afinidades muito fortes vão sendo construídas mesmo em torno das diferenças (o que eu acho muito bonito aliás.), enfim, cada dia que passa me contento mais com o grupo e a maneira como vamos trabalhando cada tema, cada assunto e cada ação. Me contento cada vez mais com o espaço de convivência que está formado e que continua evoluindo. É um sentimento muito particular, mas boto fé que algumas pessoas se sintam assim também. (até os mais novos que já entraram fazendo tão parte do grupo que a diferença de alguns meses parece nem importar!).
Bom, hoje no período da manhã lemos todos juntos, e o Bira leu em voz alta, o texto “O Encontro do Imaginário” de Maurice Blanchot, enquanto o Ângelo, a pedido da Ângela, de olhos fechados sentia e imaginava o texto. No final da leitura, ele expôs o que viu ao escutar, uma experiência de imagens oníricas, muito bacana de ser compartilhada e que foi somada as outras experiências imagéticas de outras pessoas do grupo (daqueles que falaram ou não, mas que de qualquer maneira compartilharam). E tivemos uma discussão filosófica muito interessante em que consistia no canto da sereia enganar os homens fracos, do canto da sereia ao se tornar seu objetivo, te afastar da meta , ou mesmo te aproximando, te levar ao precipício. Achei muito bacana o texto! Assim como a questão da Ângela “Se escutamos os outros e se escutamos a nós mesmos?”, algo que embora seja bem complicado de se pensar, é realmente primordial. O Bira falou sobre escutarmos nosso coração, e o Chellmí acabou levando a discussão para um ponto parecido, essa contradição, esse conflito, que temos em cada um de nós, entre razão e emoção, onde muitas vezes somos guiados pelas nossas paixões, nos distanciando do objetivo em que queremos chegar, muitas vezes contrariando a nós mesmos, mas ao mesmo tempo, sendo leais ao que sentimos. (o que a meu ver acaba virando aprendizado e produzindo um resultado mais positivo do que quando somos guiados apenas pela nossa consciência, ou o que pensamos ser nossa parte racional) e essa discussão entre subjetivo e objetivo, emotivo/impulsivo e racional, realmente dá muito “pano pra manga” e continua em aberto sempre quando colocado em questão, afinal, dificilmente se chega a alguma conclusão fixa e rígida.
Em seguida à leitura e à discussão do texto, partimos para “aquilo que nos movimenta” no momento, que é a pesquisa, e a ação que irá ocorrer no dia 09/08/2010 na praça em frente ao CCJ. Os grupos foram dividos por segmentos de pesquisa, e a meu ver, todos parecem contentes ao tratar do tema, mesmo com todos os percalços que foram surgindo... “aquilo que é maior me aumenta, me conforta e me confronta” (somando as frases da Ângela, do Ângelo e do Gabriel que foram colocadas no mural que construímos a respeito da pesquisa e da praça) essas frases que foram comentadas hoje pela Ângela e que de fato apresentam uma potência.
Pelo menos no meu grupo das Redes, nos empolgamos demais com a produção do evento, várias proposições de atividades, mas que tiveram que serem reduzidas e comprimidas, devido à limitação do tempo no dia disponível para cada grupo, embora ainda tenhamos muitas oportunidades de dar continuidade em outros dias, para ocuparmos a praça e para que se dê o envolvimento de todos do entorno, e para que tudo vá caminhando, e eu acredito realmente nessa mudança que já está acontecendo e na que ainda está por vir!
Dado o tempo, saímos para almoçar (e compartilhar algumas doces paçoquinhas. rs.) e voltamos no período da tarde só com o Mau, experiência diferente na formação também. Vimos uma parte do vídeo “O Abecedário de Deleuze” do filósofo Francês Gilles Deleuze, o vimos expondo sobre a letra D de Desejo, onde o próprio Deleuze fala sobre o que é para ele o desejo e o quanto a idéia dele de desejo se afasta da idéia de desejo dos psicanalistas. Para ele o desejo não está ligado aos pais, nem ao lamento da castração, para ele o desejo é um construtivismo, é uma porção de elementos interligados, não se deseja algo isolado, se deseja um conjunto, é algo coletivo, um agenciamento, diferente da concepção de desejo da psicanálise que segundo as palavras do mesmo “nos reduz sempre a um único fator e ignora o mundo”. Achei muito interessante o que o vídeo acrescentou porque nosso desejo de mudança na praça é bem isso, um conjunto de coisas.
Em seguida, partimos novamente para a organização da atividade na praça, e a criação do blog, fechamos os horários que cada grupo terá para apresentar a pesquisa no dia, discutimos algumas coisas que deverão acontecer por fora desse horário determinado, e tudo correu muito bem no encontro de hoje! Consegui notar hoje uma autonomia maior de cada pessoa, e do grupo, princípio esse que é tão essencial analisado sobre qualquer aspecto. E mesmo com as limitações temporais, estruturais e etc (que acabam sendo essenciais também), tudo está correndo de uma forma muito positiva, com grandes sonhos, mas firmando os pés no chão.
Abraços a todos!
Geisa.
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Um comentário:
geisa!
que bom ler tudo isso.
partilho do mesmo sentimento descrito no começo do texto. e fiquei feliz com suas linhas sobre o último encontro, em que eu não estava.
perdi.
mas ganhei, em ler tudo isso aqui!
abraços!
e abraços em todos.
jéssica
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