domingo, 20 de setembro de 2009

A saga do Mosquito


Desfila o mosquito: Zzzziiummmm zummmm zzzzumm... Tuc!
(...)
Tzzziiuum zummmm zzzumm...Tuc!

,parecem, concordo! embora eu não saiba a que sacerdócio (saciar-do-ócio )estão resignados, eu já havia dito que.


Impressiona a proximidade que existe entre a estrutura dos banheiros – principalmente os públicos - e os confessionários. Como é bela compaixão dos vasos por nós, ávidos seguidores do plano de sempre! Em meio a esse cenário (o banheiro) religioso e convidativo, corriqueiramente mergulho em algumas leituras. Dia desses o “sacerdote” convidado foi Umberto Eco e/ou seu Livro “Sobre os espelhos e outros ensaios”, especificamente o capítulo que trata sobre os Espelhos.
( mosquito:Zzzziiummmm ziummmm zzzzumm... Tuc!”


No que eu lia o “eco” dizia mais ou menos: “Lacan utilizou os espelhos para discutir a formação da personalidade, especificamente nos primeiros meses da vida da criança (a fase dos espelhos)
Mosquito:Zzzziiummmm zummmm zzzziiumm... Tuc!

(prefiro esquecer as aspas)

Ao se deparar com um espelho, num primeiro momento a criança pensa que a Imagem refletida no espelho é real, num segundo momento ela consegue identificar que aquilo se trata de uma imagem diferente do mundo real e, por fim, na terceira etapa, ela percebe que a imagem refletida é a dela – aqui ela junta as parte dos seu corpo fragmentado , pois trata-se de um pequeno grau de consciência de si.Vale dizer que a personalidade ainda não se formou nesse estágio, visto que essa só se constitui a partir do domínio do mundo simbólico, o que só acontece na adolescência. Tuc!

Mosquito:Zzzzummmm zummmm zzzzumm... Tuc!

Lia isso e ouvia o barulho inquietante ,mosquito:Zzzzummmm zummmm zzzzumm... Tuc!
Intrigado , interrompi a leitura,olhei em volta..Era um mosquito.
Ele buscava sair do banheiro, porém porta e janelas estavam fechadas, o que dificultava sua busca. (Mosquito:Zzzzummmm zummmm zzzzumm... Tuc!)
O maravilhoso se deu assim: ao observar o espelho redondo do “confessionário” o mosquito enxergava uma saída, voava na direção da imagem e dava com sua pálida cara no espelho: Tuc!
Mas o mosquito persistia e desenhava um círculo no ar, retomando sua busca (mosquito:Zzzzummmm zummmm zzzzumm... )e novamente : Tuc!
Assim foi por várias vezes, e eu observei tudo. Depois de muitas tentativas, o mosquito exausto começou a baixar involuntariamente a altura de seu vôo, até descobrir rente ao chão uma fresta que havia aos pés da porta, passou por ela e adentrou o Fora de onde o sol se insinuava como um leonino.
Depois dessa demonstração tão gratuita quanto mágica do acaso, venho pensando sobre o fato. Mas antes,

Pensa mosquito Zzzzuuum um quÊ das coisas: Segunda-feira ,dia 14/09/2009, parte da manhã.Tzzzuum

Quando cheguei se assistia um documentário sobre Quilombos Urbanos. “O que é um quilombo urbano?”, “Como identificar um quilombo?” e tantas outras interessantes perguntas foram expostas. No meu ouvido ZUMBIa o espelho e o mosquito que iria conhecer, juntamente com toda aquela história da imagem que unifica(espelho) o “corpo fragmentado” , me perguntava se realmente devemos investir na identidade tal como ela se postula, baseada na relação dos iguais(reflexos)...mesmo que em virtude da manutenção das diferenças . Temo que o inseticida contenha parte do veneno, penso que devemos diferir nas estratégias Zzzzuuum mas isso por enquanto é papo de mosquito.
Seguimos o encontro. Falamos sobre o fechamento da programação de novembro do CCJ. Cada pessoa falou um pouco sobre a experiência de ser um programador. Levantamos temas para estudarmos e nos aprofundar em outubro. Alguns deles estão implícitos aqui. Veio o Almoço, mas não antes de falarmos sobre o interesse em conversar com Gaspar do záfrica Brasil, para discutirmos o negro no brasilzinho(piada dedicada ao Sérgio Buarque de Holanda );e falarmos também sobre a polêmica entre “Margem x Centro” . Almoço.

Mosquito:Tzzzuum zummmm zzzumm...
Supondo que o mosquito fosse “eu! muchacho”

Mosquito:Tzzzuum zummmm zzzumm...

O mosquito bordando círculos no ar, bolinando o espelho ...fazendo sentido.

EUTRO: Eu + Outro :eu que é outro e que é de um cara francês que sumiu como o mosquitinho ainda muito jovem: EUTRO. Parte da tarde. Fazer Perguntas.(sobre as coisas daqui).
Passeio do mosquito zummmm zzzumm... Sobre o Texto: A Palavra Profética , autor(?): Blanchot.

“Vamos fazer perguntas!” e inicia o encontro. “Quem se apropriou do texto que leu?” pergunta a Ângela, referindo-se aos textos com os quais ela presenteou cada pessoa da formação. Daí fez-se o jogo. Pilharam-se as perguntas: “De um para outro, ou do outro para um: o que te falta? Quando você é um homem e quando você é um menino?Quando você fica bravo? Por que você é tão feliz? Se você fosse um rio , você daria pé?Que música você mais gosta?” Todo mundo falou, tomo minha licença para falar mais.

O TEXTO: A Palavra Profética.


A Palavra profética só pode brotar na linguagem literária, ou seja, na linguagem desvinculada de seu uso cotidiano. No seu uso cotidiano a linguagem tem a função de orientar, localizar, situar o sujeito no mundo, de tal modo que grande parte de nossa existência está moldado nos parâmetros desse uso zummmm zzzumm Tzzzuum zummmm zzzumm tuc!(mosquito mete a cara no espelho). É importante dissociarmos , por tanto, a fala profética da daquela profecia que almeja antecipar o acontecimento das coisas no plano ordinário do tempo linear( nada de Mãe Diná), não é dessa profecia que falamos aqui. O Profeta é aquele que , diante de uma fome originária,caminha com sua voz rumo ao impronunciável para dar lugar a uma Outra Voz.

Pensamento de mosquito: Quando o mosquito cansa de se bater contra o “espelho/si - mesmo” e, caindo exausto, descobre a brecha entre a porta e o chão: alforria do mosquito, demissão de deus,alforria da linguagem.

Buscar uma outra voz porque deus se suicidou com uma navalha espanhola, seus braços caem no mar, lá também bóiam suas lindas tranças. Buscar uma outra voz porque seremos/somos também outro

Fábula:
- em uma das perguntas o mosquito Luis pergunta para o mosquito Perê “Você acredita em mim?” e o mosquito Perê responde “Quando você é você ,sim!”.
Sobre isso uma questão: O Eu é uma narrativa, um nome, uma “casa-vazia” esperando Qualquer Um para ocupá-la. Quando falo Eu, crio espelhos, fico idêntico, sou mosquito, Tzzzuum zummmm zzzumm... Tuc!O mosquito Luis alega já ter nascido do plágio/reflexo/cópia , visto que ele é um Júnior e tem o nome de seu Deus/Pai= cópia do pai.Argumenta também que é do signo de gêmeos, fato que torna as bifurcações das coisas algo mais entendível, para ele é impossível ser UNO.

O profeta é aquele que tem um flerte com o impossível, é nesse ponto que poesia e profecia se tocam, pois a morada de ambas é a linguagem do Fora, linguagem de Deserto , lugar de passagem e inóspito.
Rimbaud/ Rambô: “Afirmo que é preciso ser vidente, fazer-se vidente. O poeta se faz vidente por um longo, preciso e racional desregramento de todos os sentidos”. Rimbaud propõe tal desregramento para eliminar de uma vez por todas o sujeito da fala poética,ele almeja demitir o Deus do pensamento, quer demolir a casinha do Eu para dar para linguagem uma quantidade fértil de deserto, para que o homem, ao se igualar a deus, possa correr pelos caminhos de uma fala incessante.

O nosso Mosquito quebra o espelho, teatralmente encena o cansaço, passa pela fresta da porta e se transforma em uma legião de mosquitos da raça Mautneriana.


Se eu fosse um rio eu seria raso, mas infinitamente largo, para molhar o pé de todo mundo:















Luis Felipe

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