terça-feira, 14 de julho de 2009

06.06.2009 – visita ao espaço Unibanco de Cinema

Após o fim da segunda jornada de pesquisas, abrimos para o universo cinematográfico, iniciando o primeiro dia desta nova pesquisa. Partimos para o “Espaço Unibanco de Cinema” com uma proposta de assistirmos dois filmes, embalados por uma palestra sobre cinema e como funciona a instituição.
Ao chegarmos lá, fomos recebidos pela Ivete, uma das coordenadoras do espaço que nos disse um pouco sobre projetos para professores e educadores, através de cadastros e convênios específicos.
Antes de entrarmos na sala para assistir o primeiro filme, lemos um trecho do livro “Esculpir o tempo” de Andrei Tarkovsky – trechos que diziam o cinema além de uma educação estética, uma educação do espírito. Tarkovsky, mestre de transformar pensamentos em imagens, faz com que a imagem avance para o infinito, diz que não podemos exprimir todas as imagens do universo e que somente a imagem poética é capaz de representar esta totalidade.
Fomos assistir “Ouro Carmim”, um filme iraniano onde mostra o cotidiano de um entregador de pizzas que enfrenta em suas entregas a opressão de uma desigualdade que o limita a auto - opressão. O filme é representado por um personagem inerte, podendo fazer uma alusão a cadeira com gordura animal do artista plástico “Joseph Beuys”, em uma tentativa de descrever o personagem que se mantém como uma massa de gordura estática sobre sua motocicleta, contracenando no meio urbano até o estopim de seu final trágico.
Após o filme, demos início à conversa com o Cássio, coordenador da programação do espaço. Ele começou dizendo sobre a escolha do filme, escolheu por conta do filme não ser famoso, pelo contraste de idéias que ele apresentava e para fazer a relação entre cinema – arte, já que o filme não apresentava beleza, retratando a vida de um personagem normal, mostrando a banalidade de forma real e tosca, no sentido rústico da palavra.
Deu segmento falando sobre cinema, citou o principio na frança, com os irmãos “Lumiere” e seus filmes de 1 minuto e pouco (1895). Filmes com movimentos de etapas físicas ou representações da natureza, trazendo banalidades da vida normal (podemos fazer uma referência ao filme “Ouro Carmim”?) como regar plantas e situações cômicas. Citou a virada do IX para o XX com o lançamento dos teatros filmados, dando ação a boca de palco das peças, sem muitas dimensões espaciais, era a chamada arte por definição, teatro = arte. Pouco mais a frente, no final da primeira década, paralelo ao cubismo e suas colagens, surge o método da decupagem, que foi a primeira demonstração de que o filme poderia ir além. Recortando e colando o rolo em seqüência, surge a primeira edição, proporcionando além de planos gerais, uma continuação da mesma cena, dando sentido a representação da realidade em seqüência.
Falou sobre a influência de o filme correr como um sonho, seus cortes e mudanças rápidas de cena, de uma hora para outra em sua edição mental. Citou estilos que surgiram ao longo do século como o cinema da opacidade (anos 60) com maior participação mental e uma transparência sensorial de quem absorvia o cinema.
Após o almoço voltamos ao espaço para uma palestra com a Leila - produtora cultural do espaço, para saber como é pensada a programação.
Ela falou sobre o projeto escola no cinema, onde professores são convidados a levar seus alunos para sentir a magia do cinema. Este projeto tem o intuito de formar público e mudar a forma como assistimos cinema. Citou multi - formas, master ultra flex formas de se pensar e apresentar uma programação, mostrando como podem ser encaixotadas as relações entre o cinema e a forma de se assistir o cinema, em uma instituição privada que gere uma boa parte das salas da cidade.
Deixou a lição final de que para se pensar uma mostra ou uma programação de cinema, é preciso ter um tema, pensar a maneira de trazer uma idéia para manter o público fiel.
Após a palestra fomos assistir a um filme francês, chamado “Há quanto tempo que te amo”, que conta a história de uma mãe tentando se reintegrar a sociedade após passar quinze anos presa, por ter deixado seu filho morrer ao invés de vê-lo sofrendo com dores.
O filme se desenrola numa trama ao estilo francês, onde o final se denuncia no meio do filme, sendo conduzido por uma história açucarada, mas com um final que difere do primeiro que assistimos. Este último nos sugere uma arte vinda da alternativa de mudança e de que cabe a nós colocá-la em prática.
Saímos com a cabeça projetando como se pensar cinema e cinemas, com idéias que vão desde como pensa e age uma instituição privada, a como podemos utilizar, da melhor forma, as boas idéias em uma instituição pública e, por que não, em espaços alternativos, fora do circuito pré-estabelecido. Cabe a nós criarmos um filme em nossas cabeças, sabendo projetá-lo da melhor maneira, tentando visar não somente a bilheteria, a oferta e a procura como faz as instituições privadas, e sim pensar a função educativa- por que e para que, tal programação- criando assim, um vínculo maior com quem participa, dando uma função maior ao entretenimento tão cobiçado como é o cinema.


Bruno Pastore, 12.07.2009

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